O Popular – De casa nova

Depois de três anos de espera, acervo do Museu de Arte Contemporânea é transferido do Parthenon Center para o Centro Cultural Oscar Niemeyer.

Uma delicada operação, realizada em sigilo e com a presença de seguranças armados, foi montada para transferir, na semana passada, todas as obras de arte do acervo do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Parthenon Center, antiga sede, para o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). Após três anos de espera, as 1,2 mil obras, entre desenho, gravura, pintura, cerâmica, objeto e escultura de nomes importantes da arte brasileira como Siron Franco, Tarsila do Amaral, Cléber Gouveia e Ana Maria Pacheco, passam agora por um processo de desinfestação.

O custo da transferência foi de R$ 700 mil reais e o seguro da operação de R$ 4 milhões. Números que não chegam perto do valor artístico, histórico e cultural das obras que, segundo o conservador-restaurador alemão Stephan Schäfer, responsável pelo processo de transferência e desinfestação, corriam sério risco no Parthenon Center. Parte das obras está carcomida por insetos, em especial brocas e cupins. Algumas estão craqueladas (com rachaduras). “As condições no antigo local não eram propriamente museológicas. Havia problemas com o condicionamento e a falta de climatização”, disse ao POPULAR, sem apontar quais obras sofreram mais com a ação do tempo.

A infestação de cupins foi o que mais preocupou o conservador, dono de uma empresa referência no País nos procedimentos de transporte, seguro, conservação e restauro de obras de arte. A solução então foi levar todo o acervo em risco do MAC para uma cápsula de nitrogênio, montada no CCON, onde ficará até a primeira quinzena de agosto, quando Schäfer retorna a Goiânia. A mesma técnica, desenvolvida pelo conservador, de desinfestação atóxica (sem o uso de inseticidas ou outros produtos químicos) por atmosfera anóxia (sem oxigênio) já foi utilizada em locais como a Biblioteca Mário de Andrade, o Museu Paulista da USP e o Mosteiro de São Bento de Salvador.

Acondicionamento

A próxima etapa do processo será a conservação preventiva do acervo para o acondicionamento definitivo das obras e o treinamento de quatro estagiários do MAC para o controle integrado de pragas com objetivo de minimizar riscos de degradação do acervo. Recentemente, a nova Reserva Técnica do MAC recebeu mobiliário museologicamente adequado às normas internacionais de acondicionamento e guarda, com trainéis para telas, plataformas para obras tridimensionais, gavetas para gravuras, dentre outros detalhes técnicos. Todas as obras ficaram em um ambiente climatizado e com controle de umidade.

“É uma conquista enorme essa transferência. Não trouxemos o acervo antes porque não tínhamos condições físicas, com sistema de climatização, segurança e mobiliário para acondicionamento adequado das obras aqui”, explica Tânia Mendonça, diretora do MAC. Desde a transferência em dezembro de 2011 para o CCON, o MAC funcionou em dois espaços: administração e a reserva técnica permaneciam na antiga sede e os espaços expositivos na nova.

No projeto da transferência, os responsáveis pelo MAC admitem que o estado de conservação do acervo é diversificado, há obras em boas condições de preservação e outras em estado crítico, necessitando de restauro e outras intervenções mais pontuais. No Parthenon Center, as condições eram precárias, com peças amontoadas, tanto pelo espaço físico, que era insuficiente, quanto pelas condições de guarda – as estantes não atendiam os padrões modernos de mobiliário para obras de arte. Embora a equipe do MAC fizesse ações preventivas e pontuais de higienização, a falta de condições físicas adequadas impediram que se desenvolvessem ações mais extensivas de conservação.

Durante os cinco dias de trabalho, a equipe do Museu e a equipe da empresa responsável pela transferência cumpriram o cronograma que abrangeu a embalagem das peças em materiais museológicos, a identificação e a contagem de cada item do acervo antes da saída da Reserva no Parthenon Center e o monitoramento durante todo o percurso até o Centro Cultural Oscar Niemeyer.

Museologia

Nasr Chaul, chefe do Gabinete gestor do CCON, explica que pela primeira vez no Estado existe um “processo amplo” de museologia. “Além de tudo o que já está sendo feito, contamos com um aporte de R$ 700 mil do Ministério da Cultura para cursos, oficinas, catálogos e outros trabalhos que serão realizados pela equipe da Tânia Mendonça, nossa gerente de Museus e doutora em Museologia em Portugal. Esses trabalhos contarão com convidados especializados em museus para um trabalho que efetivará o MAC no rol dos museus brasileiros mais importantes em espaço e cuidados com seu acervo”.

Chaul conta que foi um trabalho longo e difícil tornar o MAC do CCON. O projeto começou a se esboçar em janeiro de 2011 com a exposição Segredos, de Siron Franco, e o processo de museologia ambicionado. Desde então, o novo MAC já recebeu 11 exposições e mais nove já estão programadas para o segundo semestre de 2014, entre elas duas internacionais: Pierre Verger e Jacques Villeglé. Um apoio decisivo que o MAC recebeu foi um decreto do governo do Estado, publicado no ano passado, que determinou o recolhimento das peças do acervo do MAC espalhadas por órgãos da administração pública. Mais de 100 obras de arte, entre telas e esculturas, foram resgatadas.

Conservador-restaurador alemão Stephan Schäfer controlando a cápsula de nitrogênio (Foto: Benedito Braga)

Veja matéria completa em: https://opopular.com.br/noticias/magazine/de-casa-nova-1.594171

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